O lugar escolhido foi na
cidade de Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia, pelo fato onde passei
minha adolescência e que ainda meus pais moram na mesma. Foi escolhido devido à
greve e pelo fato de que frequento sempre que posso.
Localizado na Rua Viriato
Lobo no bairro do centro, no total de 12 crianças sendo que são cinco meninas:
Mariana de 3 anos, Menisia de 8 anos, Milena de 6 anos, Carol de 4 anos e
Beatriz de 5 anos. As meninas gostam de brincar de boneca, de casinha, mas
gostam de brincadeiras de pega-pega, pique-esconde pezinho, de andar de
bicicleta e jogo de mãos. Geralmente as meninas brincam entre elas mesmas, não
havendo nenhum dos meninos.
Já os meninos gostam de
jogar baba (futebol de rua), pega-pega, pezinho, pipa, andar de bicicleta e
também de jogar Playstation. São sete meninos: Ivanzinho de 9 anos, Carlos de
11 anos, João de 10 anos, Guilherme de 6 anos, Eduardo de 7 anos, Fabio de 7
anos e Mauricio de 8 anos. Os meninos não gostam de brincar com as meninas por
elas serem menores que eles, mas de vez enquanto brinca de brincadeiras
coletivas como pega-pega, andar de bicicleta.
São crianças das quais eu
conheço e vi crescer, seu socioeconômico é de classe média, tenho um vinculo
com a família há anos, alguns dos pais foram e estudaram comigo. Todos estudam
pela parte da manhã e só saem na rua a partir das 16 horas que é quando já
terminaram seus afazeres de escola e também pelo fato que não pega mais sol na
rua. Existem brigas entre eles, mas faz as pazes muito rapidamente.
Observando eles a brincarem
na rua antes do São João, pude constatar que muitas brincadeiras das quais eu
vivi e brinquei na rua já estão sumindo devido ao aumento da violência mesmo
estando em uma cidade do interior, mas ainda as brincadeiras e crianças
brincando na rua existem com frequência nesta rua.
Conversando com uma amiga de
adolescência Adelita, mãe de Ivanzinho e Mariana, relembramos dos momentos em
que brincamos na rua, nessa conversa surgiu o assunto a de nós brincarmos de
macaco, também conhecido por mim no interior de São Paulo de amarelinha.
Pesquisando, onde FERREIRA
diz que “amarelinha encontrei vários nomes pelo Brasil e outros países.
Amarelinha vem do francês marelle, que por adaptação popular ganhou a
associação com amarelo e o sufixo diminutivo. É conhecida por diversos nomes: Em
Portugal há outras variações: jogo da macaca, jogar ou saltar à macaca (no
norte), e ainda jogo-do-homem e pé-coxinho; em Moçambique chama-se avião ou
neca; no Rio de Janeiro (Brasil) pode ser ainda academia ou cademia e
marelinha; na Bahia e no Pará, (Brasil), diz-se pular macaco ou macaca,
semelhante a Portugal; em Minas Gerais (Brasil) é maré. Diz-se "pular
maré", não "jogar maré"; no Rio Grande do Norte (Brasil) é
avião, como em Moçambique; no Rio Grande do Sul (Brasil) é sapata.”
Riscamos o chão com um
tijolo, na falta e improviso de giz desenhamos a brincadeira. A criançada toda
começou a perguntar o que era alguns conhecia, mas a grande maioria nunca
brincou. Neste momento, todos já estavam em cima perguntando o que seria como
brincar naqueles quadrados e números.
Comecei a explicar o jogo que
consiste em pular sobre o desenho riscado com no chão, que também pode ter
inúmeras variações, no final do relatório. Apresenta quadrados ou retângulos
numerados de 1 a 10 e no topo o céu, em formato oval.
Tiramos na sorte quem iria
começar. Cada jogador, então, joga uma pedrinha, inicialmente na casa de número
1, devendo acertá-la em seus limites. Em seguida pula em um pé só nas casas
isoladas e com os dois pés nas casas duplas, evitando a que contém a pedrinha.
Chegando ao céu, pisa com os
dois pés e retorna pulando da mesma forma até as casas 2-3, de onde o jogador
precisa apanhar a pedrinha do chão, sem perder o equilíbrio, e pular de volta
ao ponto de partida. Não cometendo erros, joga a pedrinha na casa 2 e sucessivas,
repetindo todo processo.
Se perder o equilíbrio,
colocando a mão no chão ou pisando fora dos limites das casas, o jogador passa
a vez para o próximo, retornando a jogar do ponto em que errou ao chegar a sua
vez novamente.
Ganha o jogo quem primeiro
alcançar o céu.
Em outra versão, mais
complexa, o jogo não termina aí. Quem consegue chegar ao céu vira de costas e
atira a pedrinha de lá. A casa onde ela cair passa a ser sua e lá é escrito o
seu nome (caso não acerte nenhuma, passa a vez ao próximo jogador). Nestas
casas com "proprietário", nenhum outro jogador pode pisar apenas o
dono, que pode pisar inclusive com os dois pés.
Começamos a brincar
envolvendo todas as crianças da rua, até alguns pais entraram na farra da
brincadeira e divertimos muito, entrei e voltei no mundo das crianças, foi
muito legal. O mundo delas (crianças) onde ainda a preocupação da maior parte
das quais eu conversei é ainda em poder brincar na rua depois de suas
atividades escolares (obrigações). E
quando algum pai proíbe sua saída à rua fica triste, relato de Ivanzinho.
Todas as vezes que volto ao
interior, Santo Antônio de Jesus – BA, as crianças me perguntam e fazem questão
que eu brinque com elas de amarelinha na rua. Sempre que posso brinco e elas se
sentem importantes e acham graça de ver um adulto ou alguns adultos brincando junto.
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