quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Brincadeira de rua e convivência urbana - Jogo da Amarelinha


O lugar escolhido foi na cidade de Santo Antônio de Jesus, interior da Bahia, pelo fato onde passei minha adolescência e que ainda meus pais moram na mesma. Foi escolhido devido à greve e pelo fato de que frequento sempre que posso.
Localizado na Rua Viriato Lobo no bairro do centro, no total de 12 crianças sendo que são cinco meninas: Mariana de 3 anos, Menisia de 8 anos, Milena de 6 anos, Carol de 4 anos e Beatriz de 5 anos. As meninas gostam de brincar de boneca, de casinha, mas gostam de brincadeiras de pega-pega, pique-esconde pezinho, de andar de bicicleta e jogo de mãos. Geralmente as meninas brincam entre elas mesmas, não havendo nenhum dos meninos.
Já os meninos gostam de jogar baba (futebol de rua), pega-pega, pezinho, pipa, andar de bicicleta e também de jogar Playstation. São sete meninos: Ivanzinho de 9 anos, Carlos de 11 anos, João de 10 anos, Guilherme de 6 anos, Eduardo de 7 anos, Fabio de 7 anos e Mauricio de 8 anos. Os meninos não gostam de brincar com as meninas por elas serem menores que eles, mas de vez enquanto brinca de brincadeiras coletivas como pega-pega, andar de bicicleta.
São crianças das quais eu conheço e vi crescer, seu socioeconômico é de classe média, tenho um vinculo com a família há anos, alguns dos pais foram e estudaram comigo. Todos estudam pela parte da manhã e só saem na rua a partir das 16 horas que é quando já terminaram seus afazeres de escola e também pelo fato que não pega mais sol na rua. Existem brigas entre eles, mas faz as pazes muito rapidamente.
Observando eles a brincarem na rua antes do São João, pude constatar que muitas brincadeiras das quais eu vivi e brinquei na rua já estão sumindo devido ao aumento da violência mesmo estando em uma cidade do interior, mas ainda as brincadeiras e crianças brincando na rua existem com frequência nesta rua.
Conversando com uma amiga de adolescência Adelita, mãe de Ivanzinho e Mariana, relembramos dos momentos em que brincamos na rua, nessa conversa surgiu o assunto a de nós brincarmos de macaco, também conhecido por mim no interior de São Paulo de amarelinha.
Pesquisando, onde FERREIRA diz que “amarelinha encontrei vários nomes pelo Brasil e outros países. Amarelinha vem do francês marelle, que por adaptação popular ganhou a associação com amarelo e o sufixo diminutivo. É conhecida por diversos nomes: Em Portugal há outras variações: jogo da macaca, jogar ou saltar à macaca (no norte), e ainda jogo-do-homem e pé-coxinho; em Moçambique chama-se avião ou neca; no Rio de Janeiro (Brasil) pode ser ainda academia ou cademia e marelinha; na Bahia e no Pará, (Brasil), diz-se pular macaco ou macaca, semelhante a Portugal; em Minas Gerais (Brasil) é maré. Diz-se "pular maré", não "jogar maré"; no Rio Grande do Norte (Brasil) é avião, como em Moçambique; no Rio Grande do Sul (Brasil) é sapata.”
Riscamos o chão com um tijolo, na falta e improviso de giz desenhamos a brincadeira. A criançada toda começou a perguntar o que era alguns conhecia, mas a grande maioria nunca brincou. Neste momento, todos já estavam em cima perguntando o que seria como brincar naqueles quadrados e números.
Comecei a explicar o jogo que consiste em pular sobre o desenho riscado com no chão, que também pode ter inúmeras variações, no final do relatório. Apresenta quadrados ou retângulos numerados de 1 a 10 e no topo o céu, em formato oval.
Tiramos na sorte quem iria começar. Cada jogador, então, joga uma pedrinha, inicialmente na casa de número 1, devendo acertá-la em seus limites. Em seguida pula em um pé só nas casas isoladas e com os dois pés nas casas duplas, evitando a que contém a pedrinha.
Chegando ao céu, pisa com os dois pés e retorna pulando da mesma forma até as casas 2-3, de onde o jogador precisa apanhar a pedrinha do chão, sem perder o equilíbrio, e pular de volta ao ponto de partida. Não cometendo erros, joga a pedrinha na casa 2 e sucessivas, repetindo todo processo.
Se perder o equilíbrio, colocando a mão no chão ou pisando fora dos limites das casas, o jogador passa a vez para o próximo, retornando a jogar do ponto em que errou ao chegar a sua vez novamente.
Ganha o jogo quem primeiro alcançar o céu.
Em outra versão, mais complexa, o jogo não termina aí. Quem consegue chegar ao céu vira de costas e atira a pedrinha de lá. A casa onde ela cair passa a ser sua e lá é escrito o seu nome (caso não acerte nenhuma, passa a vez ao próximo jogador). Nestas casas com "proprietário", nenhum outro jogador pode pisar apenas o dono, que pode pisar inclusive com os dois pés.
Começamos a brincar envolvendo todas as crianças da rua, até alguns pais entraram na farra da brincadeira e divertimos muito, entrei e voltei no mundo das crianças, foi muito legal. O mundo delas (crianças) onde ainda a preocupação da maior parte das quais eu conversei é ainda em poder brincar na rua depois de suas atividades escolares (obrigações).  E quando algum pai proíbe sua saída à rua fica triste, relato de Ivanzinho.
Todas as vezes que volto ao interior, Santo Antônio de Jesus – BA, as crianças me perguntam e fazem questão que eu brinque com elas de amarelinha na rua. Sempre que posso brinco e elas se sentem importantes e acham graça de ver um adulto ou alguns adultos brincando junto.



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